Aniversário do Google e a importância de empoderar os estudantes

Algumas pessoas e até nossos ex-alunos podem estar pensando agora que chegamos atrasados nessa postagem, pois o Google foi fundado no dia 4 de setembro. Sim, essa é a verdade, porém, como todo bom aniversariante, a grande festa nem sempre é no mesmo dia e, desde 2006, o Google resolveu celebrar seu aniversário no dia 27 de setembro. Maneira disruptiva de comemorar o aniversário para uma empresa que nasceu de uma ação inovadora e corajosa mas que só conseguiu sair do papel por um conjunto importante de atores e fatores.

A história do Google que hoje queremos contar, serve de inspiração para todos nós, educadores, e nos faz afirmar a importância do nosso papel na sociedade, como fonte de apoio e motivação dos estudantes na construção de seu futuro e, consequentemente, do futuro da sociedade. O que seriam das ideias de Larry Page e Sergey Brin - fundadores do Google - se não tivessem por trás um professor acreditando, incentivando e mostrando-lhes o caminho?

Essa história inicia com dois estudantes de pós-graduação, em Stanford - o primeiro, em seu segundo ano de doutorado no departamento de ciência da computação, com grande habilidade em matemática e o segundo iniciando sua pós-graduação. A linha de pesquisa de Page o levava para a fascinante World Wide Web, ou somente Web como chamamos. O que o atraiu nela? As características matemáticas da pesquisa na web, que o fez entender que cada computador era como se fosse um nó e cada página da internet fazia uma conexão entre esses nós (computadores) e, ainda, que cada link em uma página tinha vários outros links vinculados a ela. Colocando um exemplo mais prático, sabe aquele trabalho de conclusão de curso que fizemos onde enriquecemos com um monte de citações de outras fontes de pesquisa? Pois é, para Larry, a internet é assim, baseada nas citações, cada página se interliga a vários links, que se ele pudesse ver, quantificar e qualificar, permitiria que fossem mapeados todos os dados disponíveis na web, facilitando a pesquisa. Nascia assim o conceito de PageRank.

Isso te fez lembrar a busca do Google?

Voltando um pouco na história, Tim Berners-Lee, pensou em fazer um projeto baseado em hipertexto para facilitar a distribuição de informações junto aos pesquisadores. Isso deu origem a World Wide Web, em 1989. O que ele queria com isso era agilizar o processo de citações nos trabalhos acadêmicos e, no fim acabou viabilizando a Internet comercialmente e permitindo que Larry Page usasse a quantidade de backlinks (as citações por meio de hiperlinks que um site faz a outro) para viabilizar a lógica de ranqueamento (posição) de sites no Google e estruturar toda a lógica comercial que sustenta a publicidade da internet de hoje. Mas o que isso tem a ver com o empoderamento dos estudantes e com a importância de professores bem formados e atentos?

Segundo muitos relatos sobre a história do Google essa ideia de Larry só foi a frente, pois em busca da inspiração para sua dissertação ele havia comentado com o orientador que gostaria de estruturar a Internet na forma de um grande gráfico, nas quais as páginas são conectadas por links. O professor não só entendeu como recomendou a ele que aprofundasse os estudos nessa área.

Talvez um professor menos atento não incentivaria ou acharia impossível para dois estudantes entregar como trabalho final de curso “organizar as informações do mundo para que sejam universalmente acessíveis e úteis para todos”. Essa acabou sendo a missão do Google, empresa bilionária e multinacional, que surgiu a partir do conselho do professor para estudar mais o assunto a fim de cumprir o desafio.

Mas como conseguir dar essa atenção a todos os estudantes, como se manter disponível e como estar aberto a novas ideias, mesmo que elas pareçam impossíveis ou totalmente fora da cultura, tecnologia ou costumes próximos a nós? Talvez se olharmos para o exemplo do próprio Google possamos nos inspirar. Hoje a “cultura” Google é mundialmente admirada como sendo uma empresa que permite e fomenta a inovação e o desenvolvimento de novos conceitos.

Se olharmos para as ações da empresa vamos encontrar algumas pistas que fomentam a cultura da inovação e nos chama atenção a cultura do moonshot thinking, que consiste em um movimento ou uma metodologia ligada à missão espacial americana Apollo 11, primeira viagem tripulada à Lua em 1969, que parecia ser algo impossível para a época e teve sucesso justamente pelas ações e tecnologias disruptivas que implantou para ser executada.

Essa visão é cotidianamente aplicada às ações que envolvem as equipes do Google, que sempre buscam maneiras disruptivas e inovadoras para realizar ações com o maior resultado e impacto possível. O moonshot thinking também é associado ao movimento 10X que busca potencializar os resultados planejando ações que gerem dez vezes mais impactos do que normalmente poderiam trazer.

Outra ação cultural é a de que os Googlers (como são chamados os funcionários do Google) podem investir 20% do tempo em projetos que não sejam ligados a suas áreas de contratação, ou seja, podem empreender com paixão em soluções fora do seu escopo de trabalho. Assim surgiu o Cardboard, os óculos de realidade virtual do Google feito com papelão e muita criatividade. Um super exemplo de empoderamento e autonomia para os funcionários.

Aqui no Brasil, escolas e empresas entendendo a importância desse empoderamento estudantil, começam a buscar estratégias para, seja usando metodologias ativas, seja trazendo os estudantes para algumas tomadas de decisões estratégicas da escola, colocar o estudante no centro do processo de ensino-aprendizagem.

Um exemplo desse trabalho pode ser visto no projeto em parceria com a Prudential e uma escola da prefeitura de Miraí, onde um estudante desenvolveu um projeto para alfabetizar jovens e adultos com a finalidade de reduzir a evasão escolar. Segundo Gabriela Al-Cici, diretora de Recursos Humanos da Prudential do Brasil: “Queremos apoiar a capacitação desses estudantes para que tenham ainda mais recursos para transformar a realidade desafiadora do nosso país por meio dos seus projetos, deixando um legado de valor à sociedade.”

E se fôssemos nos alongar nessa linha de pensamento, teríamos linhas e linhas de texto, pois o assunto é longo e rico de histórias. Por hora, o que gostaríamos de deixar como reflexão é mantenha-se aberto, mantenha-se atento e acredite no potencial de seus estudantes. Acredite que você tem super poderes para transformar o mundo e permita-se testar novas formas de ensinar. Muitas histórias virão das sementes que hoje você planta como educador.